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Cláudia Dadalt

Cláudia Dadalt

Psicóloga e Psicanalista

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I – A Excomunhão

28 de novembro de 2019 by Sistema

Nesse “prólogo” Lacan vai tratar de como se encontra a psicanálise no ano de 1964 na França. Momento em que é desligado da IPA (International Psichoanalytical Association).  

Por quê, Lacan usa o termo excomunhão para nomear este início? Este termo é usado pela igreja católica para designar a penalidade que consiste em excluir alguém da totalidade dos bens espirituais comuns aos fiéis. Assim, ele compara a IPA a uma Igreja onde se não se professa todos os seus dogmas se é expulso.  

“…é um fato – que meu ensino, designado como tal, sofre da parte de um organismo que se chama Comissão Executiva de uma organização internacional que se chama International Psychoanalytical Association, uma censura que não é de modo algum ordinária, pois se trata de nada menos do que proscrever esse ensino…” (1964,p.10)

Seu seminário na Escola Normal Superior, teve início em 15/01/1964, neste dia Lacan inicia com a seguinte fala:

“Na série de conferências de que estou encarregado pela sexta seção da Escola Prática de Altos Estudos, vou lhes falar dos fundamentos da psicanálise” (1964,p.9)

E se pergunta a seguir: – em quê, estou autorizado?

Diz-se autorizado por ter durante dez anos realizado um seminário que se dirigia a psicanalistas, visando à formação destes – ao qual dedicou sua vida.

Esclarece que nos “fundamentos da psicanálise”, seu seminário sempre esteve implicado na práxis psicanalítica, assim, um de seus elementos era a formação do psicanalista. Acrescentando que a Psicanálise é, o tratamento dispensado por um psicanalista.

A seguir pergunta-se: O que é uma práxis?

Nos diz que é uma ação realizada pelo homem a qual tem como condição – tratar o real pelo simbólico. Ou seja, a práxis parte da experiência – do vivido, para a teoria – procurar entender através da palavra escrita essa experiência. Em função da psicanálise ser vista como uma práxis, vai questionar a si e ao seu auditório, se a psicanálise é uma ciência ou ainda uma religião.

Ao que vai esclarecer:

“…A psicanálise, (ciência ou religião) pode mesmo nos esclarecer sobre o que devemos entender por uma ciência, mesmo por uma religião.”

 Ao que Bruce Fink (1981) esclarece que Lacan está nos dizendo que “… a psicanálise está numa posição privilegiada de ser capaz de nos ajudar a conceber o que seja uma ciência ou uma religião, a partir do exterior, como que de uma posição outra.”

Ao que, Lacan esclarece, que a psicanálise não faz pesquisa, diz que desconfia deste termo e que jamais se considerou um pesquisador, para tanto faz alusão a Picasso que uma vez disse: – “Eu não procuro, acho.”  

 Lacan aponta que o que especifica uma ciência é ter objeto. O objeto de estudo da psicanálise é o inconsciente ao qual Freud vai definir como “tropeço, desfalecimento, rachadura”. É Miller (1981) que nos dá uma pista do que Lacan quer dizer:

“…Tropeço, desfalecimento, rachadura. Numa frase pronunciada, escrita, alguma coisa se estatela. Freud fica siderado por esses fenômenos, e é neles que vai procurar o inconsciente. Ali alguma outra coisa quer se realizar – algo que aparece como intencional, certamente, mas de uma estranha temporalidade. O que se produz nessa hiância, no sentido pleno do termo produzir-se, se apresenta como um achado. É assim que a exploração freudiana encontra o que se passa no inconsciente.”

Assim podemos concluir que Lacan quer nos mostrar que em psicanálise não estamos no campo da ciência como entendida tradicionalmente.

Entretanto o que ele quer nos mostrar é que podemos ter dessa experiência uma apreensão científica, e esse é o seu esforço, tentar eliminar o máximo de imaginário que possa haver na prática e na teoria  psicanalítica, assim vai buscar em outras ciências já estabelecidas como a lógica, a matemática, a linguística e outras um suporte teórico.

Lacan em 1965 em “Ciência e Verdade” vai dizer que a teoria e a práxis psicanalíticas jamais teriam sido possíveis antes do advento da ciência moderna, assim considera a ciência moderna como uma precondição necessária para o desenvolvimento da psicanálise.

Sua linha de pensamento o leva para o que ele chama de ponto central, o qual põe em questão: – qual o desejo do analista?

Acrescenta que este ponto não pode ser deixado de lado como o faz outras ciências, e inicia o item três, deste capítulo questionando:

O que há de ser do desejo do analista para que ele opere de maneira correta? Ao que vai pontuar:

“…O desejo do analista, em cada caso, não pode de modo algum ser deixado de fora de nossa questão, pela razão de que o problema da formação do analista o coloca. E a análise didática não pode servir para outra coisa senão para levá-lo a esse ponto que designo em minha álgebra como o desejo do analista.” (1964, p.17)

Apontando para o fato que em psicanálise o desejo do analista não pode de forma alguma ser deixado de lado, como o fazem outras ciências, colocando que foi preciso Oppenheimer entrar em crise com as soluções que a física moderna trouxe ao mundo, para que se interrogasse sobre a questão do desejo, e para que possamos ver que a questão do desejo do analista é de outra ordem e que este sim interfere de maneira direta no processo de análise.

Lacan segue nos direcionando a ver que Freud foi se deparar com a questão do desejo, ao se colocar a ouvir o que as histéricas lhe falavam, nessa relação do desejo com a linguagem, surge para Freud os mecanismos do inconsciente. E isto ocorre entremeado pelo que ele vai designar como transferência, e é ai que Lacan vai nos falar do “pecado original da análise:

“…O verdadeiro é talvez apenas uma coisa, é o desejo do próprio Freud, isto é, o fato de que algo, em Freud, não foi jamais analisado.” (1964,p.19).

Para concluir diz que era justamente neste ponto que estava, quando teve que interromper seu seminário:

“…O que eu tinha a dizer sobre os Nomes-do-Pai não visava outra coisa, com efeito, senão pôr em questão a origem, isto é, por qual privilégio o desejo de Freud tinha podido encontrar, no campo da experiência que ele designa como o inconsciente, a porta de entrada.” (1964,p.19). Para tanto, Lacan aponta que no próximo encontro, vai retornar a essa origem, interrogando o campo da experiência, estabelecendo os estatutos conceituais introduzidos por Freud como conceitos fundamentais: o inconsciente, a repetição, a transferência e a pulsão.

Arquivado em: Seminário XI

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