Houaiss em seu dicionário nos diz que realengo é algo sem dono, público; sem ordem, desordenado; abandonado, ao deus dará.
Algo aconteceu em Realengo, no espaço de um colégio público, atuado por um sujeito desordenado, que abandonado desde seu nascimento estava ao deus dará.
O real para a psicanálise é algo que não se consegue por em palavras, é o que é estritamente impensável.
O que aconteceu em Realengo?
Teremos respostas a dar?
Penso que não se trata de encontrar respostas para esquecermos o inexplicável, mas sim abrir questões para tentarmos evitar que tragédias como estas voltem a se repetir.
Freud (1930) vai afirmar que a família é a célula germinal do processo civilizatório. Sua práxis mostra-nos o quanto é complexa a estruturação psíquica de um sujeito, e o quão importantes são as figuras que exercem a função materna e paterna, dando suporte ao desenvolvimento psíquico de seus filhos.
Wellington , filho de uma mãe esquizofrênica é adotado por parentes com dias de vida.
Como esta família acolheu Wellington, para que aos 8 anos na escola já mostrasse problemas de relacionamento e dificuldades de expressão e distância da realidade? (Revista Veja – 13/04/11)
O que acontece em nossas escolas que “percebem” problemas com nossas crianças mas não trabalham com eles?
Wellington não foi acolhido pela família adotiva, nem pela escola, ficou ao deus dará de algumas ideologias religiosas e terroristas que ele acolheu em seu imaginário que transbordou loucamente na escola pública do bairro Realengo no Rio de Janeiro.