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Cláudia Dadalt

Cláudia Dadalt

Psicóloga e Psicanalista

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Do Desejo do Analista ao Analista do Desejo

16 de março de 2011 by Sistema

Intitulei meu trabalho apresentado na jornada de cartéis de 2008, desta instituição, “Reflexões sobre o que restou.”.

O que gerou na oportunidade, da debatedora da mesa, Zelma Abdala Galesi, a seguinte questão: Bom, Cláudia, Mas o que restou?

Pergunta que me levou a refletir e colocar um pouco de minha história, que fui buscar nos idos de 1977, em uma aula inaugural do curso de pedagogia. Ministrada pelo Cel. Sydnei Antônio Rangel, então diretor da Faculdade Tuiuti do Paraná, este falava sobre psicanálise. Pelo assunto, fui capturada, ainda que não soubesse ao certo o que era.

Conclui naquele momento, que o que restou realmente foi o desejo de continuar meu percurso na psicanálise.

Uma segunda pergunta me foi feita por Angelina Harari naquele dia. Que me fazia ver que eu pontuava no meu ensaio, a forma de trabalhar com a clínica tradicional. E o que fazer com os pacientes inseridos nos novos sintomas?

Na resposta que me foi possível colocar, me deparei com o meu fazer clínico e o reconhecimento do quão estou implicada neste fazer.

Esta constatação me levou a querer estudar a questão do desejo do analista e as implicações deste desejo, com a minha análise pessoal; pois é Lacan que já colocou que um analista se forja no divã.

Para tanto desde agosto do ano de 2008, estudamos em cartel a questão do desejo.

Mas, o que é o Desejo?

Interrogação que Lacan se faz no início de seu seminário, o qual denomina “O desejo e sua interpretação.”, aonde vai nos colocar que a experiência do desejo é primeiramente apreendida como sendo aquela do desejo do Outro.²

Jacques-Alain Miller vai nos dizer que, à página 487 de suas palestras no Brasil, intitulada “Lacan Elucidado”, “(…) uma falta sempre está na origem do desejo: seu motor e sua causa são sempre uma falta.”³. Falta primordial, fundadora a ser identificada no Outro, para que o sujeito possa aí se reconhecer, assim podendo ascender ao seu desejo. Ascensão que ocorre a partir da entrada do sujeito na linguagem, quando suas necessidades primordiais podem ser supridas através da demanda do Outro.

Para tanto Miller afirma que ocorre – Un décalage³ (hiato, defasagem, distância), entre a necessidade e a demanda, instalando-se assim nesta hiância o desejo. A partir de então inextinguível, e por isso, metonímico. Desejo de desejo. Enredado nas tramas significantes que deslizam nos “arroios metonímicos de nosso ser”4, como nos aponta Lacan.

É o percurso de análise que possibilita imergir neste arroio e usufruir das “migalhas de saber do inconsciente”5, que através do corte das sessões, operando como ato analítico, farão apercebermo-nos do “modo de satisfação específico do corpo falado”6.

Para confirmar esta emergência, Lacan pontua:

“(…) Em compensação, da análise, há uma coisa que deve prevalecer, é que há um saber que se retira do próprio sujeito; o discurso analítico coloca o $ no lugar pólo do gozo. É do tropeço, da ação fracassada, do sonho, do trabalho do analisante que esse saber resulta, esse saber que não é suposto, ele é saber, saber caduco, migalhas de saber, sobremigalhas de saber, é isso o inconsciente. Esse saber é o que assumo, [ o que ] defino, como somente podendo colocar-se – traço novo na emergência – pelo gozo do sujeito.”7

Portanto, é num processo analítico em que o sujeito pode ao falar libertar-se das migalhas de gozo, para Miller, “(…) migalhas que dão inclusive seu estilo próprio ao nosso modo de viver e de gozar”8, para se reposicionar perante este modo particular de viver e gozar, podendo a partir daí saber fazer com este gozo, assumindo-se na sua singularidade.

Para assim poder adentrar ao desejo do analista, que Lacan vai pontuar como sendo, “(…) um desejo de obter a diferença absoluta, aquela que intervém quando, confrontado com o significante primordial, o sujeito vem, pela primeira vez, à posição de assujeitar-se a ele.”9

Assujeitar-se a ele para poder assumir-se na sua singularidade, o que nos leva a concluir que a análise assim constitui-se o motor do desejo.

 

1-      Especialista em Psicologia Clínica – Psicanálise, pela UTP.

2-      Lacan, Jacques. O Desejo e sua Interpretação, Publicação não comercial, Circulação Interna da Associação Psicanalítica de Porto Alegre, Março 2002 – pg. 27.

3-      Miller, Jacques-Alain. Lacan Elucidado: Palestras no Brasil, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 1997, pg. 447.

4-      Lacan, Jacques. O Seminário – Livro 7: A Ética da Psicanálise, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 1997, pg. 385.

5-      Lacan, Jacques. O saber do Psicanalista – 1971/72, Publicação não comercial do Centro de Estudos Freudianos do Recife, 1997, pg. 71.

6-      Miller, Jacques-Alain. La Experiência de lo Real em la Cura Psicoanalitica, Buenos Aires, Paidós Ed., 1a Edição, 2008, pg.273.

7-      Ibid nota 5.

8-      Ibidem  nota 6, pg. 257.

9-      Lacan, Jacques. O Seminário – Livro 11, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 1988.

Trabalho apresentado em,

“Sobre Semblantes…” Atas da X jornada de carteis e VIII coloquio da EBP Delegação Paraná 2009

Arquivado em: Artigos Marcados com as tags: Análise, Analista, Desejo, Diferença, Falta, Singularidade

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