É frequente vermos as mídias jornalísticas veicularem questionamentos a cerca de estudos sobre a eficácia e o uso indiscriminado de antidepressivos pela população mundial.
Foi na década de 80 que a atual geração de antidepressivos popularizou-se. Estes medicamentos foram alardeados como mais seguros e com menos efeitos colaterais, se comparados aos antidepressivos até então usados; verdadeiras “Pílulas da Felicidade”.
Fatos que nos colocam a pensar: Afinal, o que é Depressão?
O dicionário Houaiss vai nos dizer, entre outras definições, que “… é um estado de desencorajamento, de perda de interesse, que sobrevém, por exemplo, após perdas, decepções, fracassos, estresse físico e/ou psíquico, no momento em que o indivíduo toma consciência do sofrimento ou da solidão em que se encontra”.
A ciência médica busca objetivar critérios para definição e diagnóstico.
Como psicanalista, surge-me questões. É possível objetivar algo tão subjetivo como as perdas, decepções, fracassos?
Algo faz pressão para ser descoberto, falado, simbolizado. Falar do que faz pressão é permitir-se sair do imaginário da sua visão de mundo, possibilitando ao sujeito voltar-se para o mundo externo real, para fazer-se representar de forma diferente e ser reconhecido socialmente.
Portanto, fica-nos a questão: É necessária a medicalização dos estados depressivos?
Levando-se em conta que a subjetividade é algo singular de cada sujeito, só nos resta pensar que é necessário ser mais criterioso no uso desta instrumentalização.
CLÁUDIA CRISTINA DADALT
Psicóloga Clínica