Freud – 1933 – Vol. XXII – das Obras Completas. Editora Imago.
A indicação à nota de pé de página nos diz que esta conferência baseia-se nos artigos anteriores: Algumas Consequências Psíquicas da Distinção anatômica entre os Sexos (1925) e sexualidade Feminina (1931).
Mostrando-nos desta forma, o quão Freud considerava importante este tema, para o arcabouço teórico da psicanálise.
Assim retoma a questão da bissexualidade no sujeito humano, pontuando que: “[…] aquilo que constitui a masculinidade ou a feminilidade é uma característica desconhecida que foge do alcance da anatomia.”. (pg.115)
Assevera que a psicanálise não tenta descrever o que é a mulher, se empenha em indagar como é que a mulher se forma.
Colocando novamente que o desenvolvimento de uma menina em mulher, é mais difícil e complexo, em relação ao desenvolvimento do menino, porque inclui duas tarefas extras.
A menina deve mudar de zona erógena – clitóris pela vagina; e de objeto amoroso – da mãe para o pai. Apontando ainda para o fato de uma vinculação pré-edipiana intensa à mãe pela menina. Discorrendo as implicações desta ligação à sexualidade feminina.
“[…] A fase de ligação afetuosa pré-edipiana, contudo, é decisiva para o futuro de uma mulher: durante essa fase são feitos os preparativos para a aquisição das características com que mais tarde exercerá seu papel na função sexual e realizará suas inestimáveis tarefas sociais.” (pg.133).
Coloca que o que põe fim a essa poderosa vinculação da menina à mãe vamos encontrá-la no complexo de castração.
“[…] a distinção anatômica (entre os sexos) deve expressar-se em consequências psíquicas […] as meninas responsabilizam sua mãe pela falta de pênis nelas e não perdoam por terem sido, desse modo, colocadas em desvantagem.” (pg. 124).
Pontuando, ainda, que esta vinculação à mãe termina em ódio.
A descoberta de sua castração e da castração da mãe representa um marco decisivo no crescimento da menina. Como consequência a este fato, três linhas de desenvolvimento serão possíveis:
– inibição sexual;
– modificação do caráter no sentido de um complexo de masculinidade;
– feminilidade.
O complexo de castração prepara para o complexo de Édipo, em vez de destruí-lo, a menina é forçada a abandonar a ligação com sua mãe, através da influência de sua inveja do pênis, volta-se para o pai, e entra na situação edipiana com se esta fora um refúgio.
Freud vai concluir que as meninas permanecem no complexo de Édipo por um tempo indeterminado; destroem-no tardiamente e ainda assim de modo incompleto.
“[…] atribuímos à feminilidade maior quantidade de narcisismo, que também afeta a escolha objetal da mulher, de modo que, para ela ser amada é uma necessidade mais forte que amar.” (pg. 131)